O Paraguai que conhecemos hoje já não é mais aquele de outrora, e assim como o país se transformou ao longo do último século, sua arquitetura passou por um radical processo de mudança durante os últimos cem anos. A herança cultural indígena do povo Guaraní esteve, por muito tempo, onipresente em todo território e como a principal referência na produção e organização do ambiente construído do país. Mais tarde, o colonialismo viria para transformar para sempre as relações entre o povo e seus assentamentos urbanos. Há alguns anos porém, este pequeno país latino-americano começou a redescobrir o seu próprio passado através de novas práticas de arquitetura, principalmente, em projetos de pequena escala.
A paisagem construída paraguaia permaneceu relativamente subdesenvolvida até o final do século XVII devido a carencia de recursos minerais dedicados à construção civil. Quando a primeira geração de arquitetos do país começou a dar forma à primeira linhagem da arquitetura paraguaia no início do século XX, eles construíam edifícios a partir de uma relação quase simbiótica com a natureza e a paisagem, ao mesmo tempo em que introduziam novos elementos que definiriam a linguagem fundamental da arquitetura moderna paraguaia.
Nos dias de hoje, a arquitetura paraguaia abrange muito mais do que apenas catedrais construídas em tijolos e antigos monumentos em estilo europeu. Atualmente, as novas gerações de arquitetos do país estão comprometidas com o desenvolvimento de uma nova linguagem, apresentando idéias revolucionárias que podem ser facilmente identificadas em projetos de pequenos edifícios, na maioria deles, residências unifamiliares
Residência-Ateliê Las Mercedes / Lukas Fúster
O projeto da Residência Las Mercedes consistiu em intervir em uma casa 'chorizo' (tipologia de moradia paraguaia onde todos os cômodos estão unidos entre si e, além disso, vinculam-se com o espaço intermediário comum que é a galeria). Esta tipologia permite que os espaços sejam polivalentes ampliando a diversidade de usos na construção. A proposta adota esta interconexão espacial a ampliando as aberturas entre os espaços e suas alturas, gerando somente um espaço separado virtualmente pela preexistência.
Casa Ñasaindy / ArquitecTava
A Casa Ñasaindy é um edifício construído principalmente com materiais e recursos locais em um lote de esquina em meio a uma área de reflorestamento nos arredores da cidade de Obligado. O terreno de duas frentes está definido pela presença de uma rua de acesso de veículos de um lado e de uma via peatonal ao lado de uma lagoa de outro, onde a casa se ergue em meio a uma paisagem extremamente horizontal, apenas pontuada pelas novas árvores que servem como um filtro natural da luz do sol ao mesmo tempo que definem um pano de fundo para a vida familiar nesta pacata cidade do interior.
Casa na encosta / BAUEN
A casa na encosta está localizada em San Bernardino, local longe o suficiente da poluição sonora, a 45 minutos da cidade de Assunção, e perto o suficiente para desfrutar de sua natureza privilegiada. A proposta desta moradia está implantada sobre um terreno inclinado, com uma vegetação exuberante e um lago como pano de fundo para a paisagem, em um ambiente que é o protagonista. A encosta é reforçada com a implantação da casa sob a topografia, modificando o terreno minimamente e permitindo a criação de 3 níveis, aos quartos superiores e áreas inferiores íntimas; e o nível intermediário que abriga a área social, o espelho da água como um reflexo da vegetação protagonista e um enquadramento à paisagem.
Casa no ar / TDA
A Casa no ar é um projeto desenvolvido para um jovem casal que procurava mudar de ares depois da chegada de seu primeiro filho. Economia e praticidade foram as principais demandas solicitadas pelos clientes aos arquitetos do TDA. Desta maneira, a arquitetura deste edifício se presta à construir espaços abertos e sombreados, proporcionando proteção e conforto em uma cidade onde a temperatura ultrapassa os 35 graus Celsius durante boa parte do verão. Além disso, a organização do programa privilegia a ventilação natural no sentido nordeste durante os dias mais quentes do verão assim como a proteção do vento frio polar durante os dias mais frios do inverno.
Casa entre árvores / - = + x –
A cidade de Mariano Roque Alonso, muito próxima de Assunção, faz parte de um extenso aglomerado urbano de baixa densidade na região metropolitana da capital paraguaia. Essa rede conurbada de cidades têm se desenvolvido, principalmente, ao longo das principais rodovias radiais que partem de Assunção em direção ao interior. A “Casa entre árvores”, está implantada em um amplo terreno de um hectare onde antes existia uma antiga fazenda. O projeto foi construído em uma pequena clareira em meio a densa vegetação sub-tropical permeada por árvores de grande porte que se elevam sobre a floresta em busca de luz.
Caixa de terra / Equipo de Arquitectura
O exercício começa com o processo experimental de aproveitamento e transformação de materiais disponíveis e recuperados, como são a terra, vidros reciclados e madeira para fôrmas, configurando-os entre duas árvores existentes: chivato, que está fora da edificação mas que foi emoldurado e guavirá que está localizado em meio ao espaço construído. Os muros de terra compacta com solo de cimento de 30 cm aguentam o peso da laje que descansa sobre 20 cm da parede sem nenhuma ancoragem ou amarração, aproveitando as qualidades estruturais do material.
Las Bóvedas / - = + x –
O projeto da Casa "Las Bóvedas" está situado em uma área semi-rural no limite entre as cidades de Luque e Assunção, na região metropolitana da capital paraguaia em um bairro entre o Parque Ñu Guazú e o aeroporto international de Assunção. Implantada sobre uma colina, a Casa "Las Bóvedas" desfruta de temperaturas muito mais amenas que as demais cidades do entorno. Configurada por dois volumes paralelos, a casa das abóbadas se encontra em um terreno de doze metros de frente por trinta e seis metros de fundo, um amplo lote retangular que permitiu aos arquitetos abrir todos os lados da casa para as melhores orientações à leste e à oeste.
Habitação Casu / Arkstudio
A estrutura principal é uma cobertura curva sem estruturas intermediárias, onde os pilares do interior são removidos por cabos de aço. A cobertura é suportada por três pilares de concreto que estendem a curva transmitindo o peso próprio ao solo. Além disso, conduziem a água até uma cisterna, onde é reutilizada para irrigação da terra.
Casa Laif / BAUEN
O metal reciclado, a baixo custo, foi a solução, à qual fornecemos, o aspecto antecipado, que o tempo inevitavelmente dará, de modo que o óxido define a materialidade e a textura, que ao mesmo tempo busca neutralizar a dureza do metal para torná-lo mais quente, mais habitável, mais apropriado.Três paralelepípedos, dois horizontais e um vertical dispostos em uma faixa de perfis metálicos, permitem que a planta seja completamente aberta. Acrescentamos a todos esses ambientes que se integram ou separam totalmente o interior com o exterior. O espaço é austero, mínimo, ergonômico e fluido.